Berlim teme crise na UE – DW – 26/08/2003
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Berlim teme crise na UE

ef26 de agosto de 2003

As relações entre Alemanha e República Tcheca, estremecidas no passado pelas crueldades nazistas, estão afetadas agora por posições divergentes sobre o projeto de Constituição da União Européia e o conflito no Iraque.

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Joschka Fischer (direita) e o premier tcheco Vladimir SpidlaFoto: AP

O ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, deparou-se com fortes resistências ao projeto de Constituição da União Européia, em sua visita de um dia a Praga. O político alemão advertiu para uma grave crise na Europa, no caso de um fracasso da Constituição planejada para a UE. Ele se pronunciou com ênfase contra grandes mudanças no projeto que resultou de 16 meses de negociações. O seu colega tcheco, Cyril Svoboda, ao contrário, questionou a razão da cúpula da UE em outubro, se o projeto não pode ser alterado.

Fischer qualificou o projeto de excelente e desaconselhou mudanças. "Quem fizer isso será responsável por um novo pacote que possa ser ratificado por todos os países", disse o político do Partido Verde. As divergências entre os governos tcheco e alemão deram muito na vista, porque os dois ministros expressaram parte delas numa coletiva de imprensa, em Praga, nesta terça-feira, depois que Fischer defendeu um futuro da Europa com uma Constituição comum da UE, num discurso para o corpo diplomático tcheco.

A República Tcheca, que ingressará na UE em maio de 2004 juntamente com outros nove Estados, luta por mais possibilidades de influência dos pequenos países nas decisões da comunidade ampliada de 15 para 25 membros. Como um dos pequenos, Praga gostaria que cada país continuasse com um comissário em Bruxelas.

Parceiros desalinhados

- Fischer também defendeu com ênfase uma política externa e de segurança comum para a UE. A guerra no Iraque foi um exemplo de como é ruim quando a Europa não fala com uma só voz, argumentou. Ao contrário da Alemanha e da França, dois grandes da UE que se opuseram categoricamente à guerra, a República Tcheca apoiou a coalizão dos Estados Unidos com a Grã-Bretanha.

Praga não definiu claramente sua posição, mas os políticos tchecos ficaram muito irritados com a tentativa da Alemanha e principalmente da França de silenciar os novos membros da UE quando eles formularam sua aproximação com a política belicista anglo-americana. Na véspera da visita do ministro alemão, o colega tcheco ofereceu a mediação do seu país na discussão entre a Europa e os EUA sobre o conflito iraquiano. Durante a visita, Fischer respondeu que as relações transatlânticas são importantes, mas "a ponte transatlântica só pode ser forte se os pilares europeus forem fortalecidos".

"Quinta coluna de Hitler"

– Dentro de duas semanas, o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, irá à República Tcheca para recuperar a visita que suspendeu há dois anos e meio porque o então primeiro-ministro Milan Zeman, em campanha eleitoral, classificou os alemães expulsos dos Sudetos como "a quinta coluna de Hitler" e justificou a deportação deles depois da Segunda Guerra Mundial.

Tal curso político foi corrigido nesse meio tempo. O governo do premier Vladimir Spidla declarou-se disposto a indenizar os alemães que não chegaram a ser expulsos dos Sudetos pelas injustiças que sofreram. Tal vontade política foi saudada como "sinal positivo" pela organização dos desterrados dos Sudetos. A deportação dos alemães foi uma represália às atrocidades cometidas pelas tropas nazistas na Segunda Guerra Mundial.

Em meio a várias divergências, os dois governos concordaram num ponto: Berlim é a cidade apropriada para sede do centro contra deportações planejado pela organização dos alemães expulsos dos Sudetos. O ex-embaixador tcheco na Alemanha, Frantisek Cerny, é, todavia, contra um centro em forma de museu ou de um memorial em Berlim.

Para o diplomata, seria melhor um centro de documentação que servisse de exposição itinerante, semelhante à mostra sobre os crimes do Exército alemão sob o jugo do ditador Adolf Hitler. Assim, ela poderia ser mostrada na República Tcheca e na Polônia, para sensibilizar ambas as nações para o problema dos deportados.